Pergunta:
O que fazer se uma assembleia tomar uma decisão injusta e errada?
Antes de tentarmos responder deveríamos
ser muito cuidadosos em chamar de erradas ou maléficas certas decisões tomadas
pela assembleia. Pode ser que os irmãos tenham agido sobre princípios bíblicos
que nós desconheçamos. Neste caso, embora acreditemos que eles estejam errados,
o erro na verdade será nosso.
Por outro lado é possível que as coisas
tenham sido conduzidas de maneira errônea e a assembleia tenha tomado a decisão
errada. Supondo que seja esta a premissa da pergunta, tentaremos respondê-la de
acordo.
RESPOSTA:
Se algo assim tiver ocorrido, quero dizer, se a assembleia tiver tomado uma
decisão errada, sempre existe um recurso.
Primeiro,
podemos levar o assunto em oração diretamente ao Senhor, a Ele que é a Cabeça
da igreja. Ele pode exercitar as consciências dos que estão naquela localidade
até fazer com que corrijam sua decisão.
Segundo,
o Senhor pode levantar profetas na assembleia local ou enviá-los de outras
assembleias para lançar luz à consciência daquela assembleia para que a decisão
errada possa ser corrigida (2 Co 2:4; Ap 2:13; 2 Cr 24:19-22; Jz 9:5-21).
Terceiro,
se aquela assembleia local se recusar a lidar com o seu erro, depois de isso
ter sido mostrado a ela de forma conclusiva e em conformidade com a Palavra de
Deus, aquela decisão pode ser repudiada por outra assembleia agindo em nome do
corpo com um todo. Os irmãos da outra assembleia simplesmente fariam uma
comunicação formal de que a assembleia que está incorrendo no erro já não está
mais sobre o verdadeiro terreno da igreja de Deus. Esta responsabilidade é
mostrada nas palavras do Senhor às sete igrejas na Ásia (Ap 2-3). Ele
considerou “o anjo” (os líderes
responsáveis) de cada assembleia responsável por todos os erros que foram
permitidos ali. Mas cada mensagem termina com as palavras “O que o Espírito diz às igrejas” (plural). Isto demonstra que
embora cada assembleia seja responsável em lidar com o mal em seu meio, existe
uma responsabilidade corporativa da parte das outras assembleias no que diz
respeito àquela questão, quando a assembleia local não trata o problema. O
Senhor não fala na passagem como isto deve ser feito, mas simplesmente mostra
que existe uma responsabilidade corporativa da parte das outras assembleias.
Este princípio é magnificado ao consideramos
a figura em Deuteronômio 13. Se o mal fosse encontrado em alguém numa cidade na
terra, a cidade na qual a pessoa vivia deveria “apedrejá-la” até à morte (vers. 6-11). O apedrejamento nos fala da
participação da consciência de todos em uma assembleia local que está engajada
no julgamento de um ímpio em seu meio. Se fosse descoberto que uma cidade tinha
em seu meio um mal não julgado, então as outras cidades na terra deviam agir
para a glória de Deus e julgar aquela cidade. Ela devia ser destruída e
transformada para sempre em uma pilha de entulho (vers. 12-18). Isto demonstra
que existia uma responsabilidade coletiva da parte das cidades em Israel em
eliminar o mal que havia na terra. Em figura isto nos fala da assembleia que é
comprovadamente injusta sendo repudiada pelas outras assembleias que têm
comunhão com ela, como se não mais estivesse reunida sobre o verdadeiro terreno
da igreja.
Como já foi mencionado, a remoção de um
candeeiro em uma localidade é algo que o Senhor não faz rapidamente. É só
depois de muita insistência e de ter sido dado tempo para que arrependessem que
o Senhor irá levantar outra assembleia para repudiar aquela que está no erro.
Deste modo, evidentemente, a decisão errada que a assembleia repudiada mantinha
deixa de ter efeito. Enquanto isso, até que uma assembleia chegue ao ponto de
agir para a glória de Deus em uma determinada questão (repudiando a assembleia
envolvida), nosso papel é o de nos sujeitarmos à decisão e esperar em Deus.
Mencionamos isto para demonstrar que existe um recurso contra o abuso de
autoridade nas questões administrativas.
É importante notar que as Escrituras
nunca nos instruem a tentarmos resolver individualmente nós mesmos as questões,
ou a agirmos de forma independente quando uma decisão de assembleia nos parecer
equivocada; algo assim seria o contrário de procurar “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4:3). A
ação independente de indivíduos em questões coletivas como é uma decisão de
assembleia sempre é condenada pelas Escrituras (Dt 17:12; Nm 15:30-31). Coisas
assim só servem para abrir a porta para o inimigo dividir e espalhar o rebanho.
Existe uma maneira divinamente indicada para lidar com este tipo de problema, e
devemos segui-la a fim de manter a ordem.
Infelizmente muitos cristãos caem neste
erro. Eles pensam que não podem se sujeitar a algo que acreditam ser injusto e
incompatível com as Escrituras. Acham que estarão comprometendo uma boa
consciência. Alguns irão até dizer: “Eu
devo obedecer primeiro ao Senhor, e não aos irmãos!”. Mas isso é uma
ilusão. Se o Senhor pode aguardar até que a decisão seja retificada, por que
nós não podemos fazer o mesmo? Uma assembleia que cometa um erro em suas
responsabilidades administrativas ainda tem o Senhor em seu meio até que ela
seja formalmente repudiada. J. N. Darby disse: “Por que falar de obedecer primeiro ao Senhor e depois à igreja? Como
fazer isso supondo que o Senhor esteja na igreja? Trata-se meramente de
estabelecer um julgamento privativo em oposição ao julgamento da assembleia reunida
ao nome de Cristo conforme a Sua promessa (se não for o caso de uma assembleia
congregada ao nome de Cristo, então nada tenho a dizer). Isso nada mais é do
que dizer, ‘Sozinho eu me considero mais sábio do que os que estão congregados’.
Eu rejeito completamente a ideia de obedecer primeiro a Cristo e depois à
igreja por ser algo totalmente sem fundamento bíblico”. Falando do mesmo
assunto, ele declarou: “Portanto, a
questão toda não passa de um mero sofisma que denuncia o desejo de dar livre
expressão à vontade própria, com base na confiança de que o julgamento feito
por uma pessoa seja superior a tudo o que já tenha sido julgado”.
É importante entender que a assembleia
foi investida da autoridade do Senhor para agir em Seu Nome durante a Sua
ausência, e devemos nos submeter às suas ações como sendo a autoridade final.
Em Mateus 18:18-20, ao tratar de uma certa questão, o Senhor disse: “Dizei-o à igreja”. Então ele passou a
falar da autoridade da igreja para agir em Seu nome, ao dizer: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes
na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado
no céu”. Um exemplo desse ligar é
encontrado em 1 Coríntios 5:11-13; um exemplo do desligar aparece em 2
Coríntios 2:6-10.
[N. do T.: O ‘ligar’ e ‘desligar’ tem o sentido de tomar uma decisão e depois
revogá-la; não é meramente no sentido de ‘ligar’ ou ‘desligar’ alguém da
comunhão]
Todavia, o fato de ter sido dado à
assembleia autoridade para agir para a glória de Deus não significa que suas
ações sejam infalíveis. J. N. Darby escreveu um artigo muito proveitoso neste
sentido, com o título de “Confounding Authority With Infallibility” (“Confundindo
Autoridade com Infalibilidade”). Ali ele demonstra que é possível que uma
assembleia ligue algo que esteja errado, e mesmo assim aquilo será ligado no
céu -- ao menos até a ação poder ser retificada. Muitos ficam confusos com
isto. Não conseguem entender como uma decisão errada poderia ser ‘ligada no
céu’. Todavia o fato de ela ter sido ‘ligada no céu’ não significa
necessariamente que ela tenha sido aprovada
pelo céu. Significa simplesmente que o céu reconhece
a decisão. O céu pode não estar contente com a decisão tomada pela assembleia,
mas a endossa. A assembleia foi
revestida da autoridade do Senhor para agir por Ele em Sua ausência de forma
representativa; trata-se de uma extensão de Sua autoridade na terra. Ainda que
seja possível uma assembleia usar erroneamente da autoridade do Senhor, mesmo
assim a autoridade continua sendo dEle.
Podemos entender melhor este princípio
em uma família. No artigo de Darby, "Confundindo
Autoridade com Infalibilidade", ele menciona o fato de, na família, os
pais terem recebido de Deus autoridade, e mesmo assim não serem infalíveis.
Todos na família devem se sujeitar àquela autoridade. Um pai pode disciplinar
um filho por engano, mas ainda assim sua autoridade é válida e o dever de todos
na família é se submeterem. É assim que é mantida a ordem em um lar. Quando ficasse
claro que o pai cometera um erro, o normal seria ele reconhecer seu erro
pedindo humildemente desculpas e fazendo as correções necessárias. O mesmo ocorre
com um policial: ele possui autoridade para prender alguém, mas já que o
policial não é infalível, é possível que ele venha a cometer erros. Porém sua
ação continua a ter validade e a pessoa presa não tem alternativa senão
aceitá-la, até que se prove que a ação foi errada. Se as autoridades civis não
fossem assim, não haveria qualquer ordem no governo e estaríamos vivendo em um
estado de anarquia. Darby também escreveu: “Em
uma centena de situações a obediência pode ser obrigatória apesar de não haver
infalibilidade. Caso contrário, como você pode facilmente constatar, não
haveria qualquer ordem no mundo... Se não existisse obediência em casos em que
não há infalibilidade e se não houvesse qualquer submissão ao que foi decidido,
a vontade própria não teria fim e seria impossível existir uma ordem”. De
um modo similar, as decisões em assembleia podem não agradar o céu por ela ter
cometido um erro ao ligar, mas mesmo assim o céu endossa sua decisão pelo tempo
que for necessário. É assim que a ordem é mantida na casa de Deus.
Deveríamos ter uma atitude solene ao
pensarmos na possibilidade de usarmos da autoridade do Senhor de forma errada e
inadvertidamente identificarmos o céu com algo que não esteja correto,
incorrendo assim no juízo governamental do Senhor. Esta é a verdadeira razão
pela qual o Senhor deixou de estar associado com a massa da profissão cristã e
adotou um testemunho remanescente. E se aqueles identificados com tal
testemunho remanescente seguirem numa condição lamentável e comprometendo sua
responsabilidade, Ele pesará Sua mão sobre eles em juízo governamental e
reduzirá o seu número, peneirando e espalhando alguns para que os que ficarem
se humilhem. É triste dizer, mas isto tem acontecido.
W. Potter escreveu um breve texto sobre
as ações da assembleia em ligar e desligar, no qual ele diz que a expressão “qualquer coisa” em Mateus 18:19 é
qualquer coisa mesmo, sem qualquer condição. A assembleia pode tomar uma
decisão de ligar ou não, conforme achar ser ou não necessário fazê-lo para a
glória do Senhor. Alguns acham que isto está mais para o papado e que daria à
assembleia uma autoridade inquestionável. Estes argumentarão que se “qualquer coisa” for incondicional,
então a assembleia poderia ligar qualquer
coisa ao seu bel prazer, e isso seria automaticamente ligado no céu. Eles acham
que isso faria o céu ficar à mercê das ações da igreja na terra, e caso a
assembleia cometesse um erro, o céu estaria tendo comunhão com o erro. Todavia,
tal ideia não tem fundamento. Já demonstramos que o Senhor continua no meio de
uma assembleia em erro e que tenha o mal em seu meio, até que isso seja
retificado ou ela seja formalmente repudiada.
É triste que muitos tenham sido
enganados por tal ideia equivocada de que a menos que uma decisão de assembleia
tenha o selo da Palavra de Deus, tal decisão não será ratificada no céu e não
terá o poder de sujeitar ninguém a ela na terra. Em outras palavras, a decisão
só seria uma decisão de ligar quando
fosse uma decisão correta. O que essas pessoas estão realmente dizendo, ainda
que não percebam, é que todas as
decisões corretas da assembleia seriam infalíveis. Ao agir administrativamente
para tomar uma decisão de ligar, a assembleia nunca estaria errada! Os próprios
que acusam os irmãos de papismo são aqueles que apoiam a infalibilidade. O
artigo de J. N. Darby demonstra que esta ideia equivocada confunde autoridade
com infalibilidade.
À primeira vista parece lógico, segundo
este argumento, não se sujeitar a uma decisão injusta, mas por detrás desta
ideia está a tentativa do inimigo de introduzir confusão na assembleia e minar sua
autoridade e suas decisões. Tudo o que alguém precisaria fazer seria declarar
que uma decisão da assembleia seria injusta e concluir que, por conseguinte, o
céu não a ligaria. E se o céu não a aceitasse, então as pessoas deveriam
igualmente rejeitá-la. Esta é uma forma bem conveniente de se colocar de lado
as decisões da assembleia que não nos agradem. Se as ações administrativas da
assembleia só exigissem sujeição com a condição de serem decisões justas, então
toda a ordem estaria comprometida. Esta ideia errônea coloca os julgamentos da
assembleia sob nosso próprio julgamento individual. Se assim fosse, a
assembleia deixaria de ser a mais elevada corte de autoridade nestas questões,
passando a posição para o nosso próprio julgamento individual! O resultado é
que todos ficariam à mercê do que parecesse reto “aos seus olhos” (Juízes 21:25). Todavia, J. N. Darby escreveu que “a um julgamento feito por uma assembleia,
mesmo que considerado errôneo, devo em princípio aceitá-lo e me sujeitar a ele”.
Em um esforço para negar a força do “tudo” de Mateus 18:18 alguns
erroneamente decidiram que o versículo 19 refere-se a uma reunião de oração. O
raciocínio é que, se a as orações da assembleia estão sujeitas à qualificação
do céu (pois Deus apenas atende nossas orações quando elas estiverem em
conformidade com a Sua vontade), então o “tudo”
que a assembleia ligasse deveria estar sujeito à aprovação do céu. É um
raciocínio sagaz, mas que tira o versículo 19 de seu contexto. A passagem não
está se referindo a uma reunião de oração, mas àqueles congregados ao nome do
Senhor, reunidos como tais para agirem em suas responsabilidades
administrativas ao tomarem decisões que têm o efeito de ligar. Trata-se de uma
reunião para disciplina. Em 1 Coríntios 5:4-5 Paulo fala do mesmo tipo de
reunião. Se em Mateus 18:19 o Senhor estivesse se referindo à reunião de oração,
então Ele teria mudado de assunto bem no meio de Sua dissertação sobre as ações
administrativas da assembleia. Depois Ele teria voltado ao assunto anterior que
tem a ver com a presença do Senhor no meio da assembleia, e de seus santos
terem de exercitar um espírito de perdão para com um irmão arrependido depois
de haver pecado (vers. 20-35). Não faria qualquer sentido. O propósito dos
versículos 19 ao 20 é que a assembleia se reúne com o Senhor no meio para
invocar a Deus para ratificar sua decisão de ligar. A promessa é clara: “Isso lhes será feito por meu Pai, que está
nos céus”. (O versículo 20 pode até ser lido no partir do pão, mas ele
apenas estabelece o fato de que o Senhor está no meio dos Seus santos quando
congregados em assembleia).
Para aqueles que questionam se “tudo” significa qualquer coisa que a assembleia possa julgar, indicamos a leitura
de 2 Coríntios 2:10. Ali vemos que quando se trata de desfazer uma ação de
ligar Paulo diz: “E a quem perdoardes
alguma coisa...”. Se eles são vistos ali perdoando “alguma coisa” é porque devem necessariamente ter ligado “tudo”. Isto não deveria ser difícil de
compreender para alguém com disposição para tal, mas é aí que está a questão.
Será que realmente desejamos saber a vontade do Senhor? Às vezes as pessoas
fazem tanto barulho por considerarem que a assembleia talvez tenha tomado a decisão errada, que fica difícil entender aonde
querem chegar. Mas, sinceramente, quando acontece de uma assembleia tomar uma
decisão errada? Raramente. Potter dizia que nos 50 anos em que ele esteve
congregado com os irmãos nunca soube de alguma decisão da assembleia à qual ele
não pudesse se submeter.
Para alguns a solução seria existir outra
etapa em que a assembleia faria uma revisão da decisão original tomada pela
mesma assembleia. C. D. Maynard disse que “uma
assembleia, quando congregada ao Nome de Cristo, tem a Ele em seu meio, e
possui a Sua autoridade para agir em ligar ou desligar os pecados de um irmão
culpado (Mt 18:18-20). Tal decisão é ratificada nos céus. Dessa decisão não há
apelação, a não ser a Cristo na glória, já que o próprio Jesus ‘entregava-se
àquele que julga justamente’ (1 Pe 2:23)... Alguns poderiam dizer que se uma
assembleia local julgasse supostamente de forma errada, existiria a
possibilidade de se apelar para outra assembleia local, por exemplo, para
restaurar alguém colocado injustamente fora de comunhão. Para tal ideia existe
tanto fundamento bíblico quanto para qualquer corrupção introduzida pelo
romanismo. O que tal ideia realmente faz é negar a unidade prática das duas
reuniões. O mero pensar nisto já significa rejeitar que exista um corpo e um
Espírito. Se a mesa do Senhor é uma, as duas reuniões estão ligadas quando uma
delas toma uma decisão, portanto não há como apelar. Se elas pudessem revisar o
julgamento uma da outra a unidade do Espírito não existiria ali e elas nada
mais seriam que reuniões independentes”. A falta de entendimento deste
importante princípio em questões envolvendo a assembleia está por detrás de
muitas das tristes divisões que ocorreram entre os congregados ao Nome do
Senhor ao longo dos anos. Portanto, faremos bem se ponderarmos estas coisas
cuidadosamente.
Outra ideia errônea de alguns é que se a
assembleia tomar uma decisão errada ela perderá o terreno que ocupa como
congregada ao nome do Senhor, e já não estará em terreno divino. Isto é um erro
ultrajante. Mais uma vez tal ideia demonstra a ignorância que existe ao se
confundir autoridade com infalibilidade. O fato de uma assembleia ser investida
de autoridade, e não de infalibilidade, significa que ela tem a possibilidade de
cometer um erro. Ao cometer um erro, a assembleia não perde seu status de estar biblicamente congregada,
do mesmo modo como os pais em uma família não deixam de ser pais por terem
cometido um erro ao disciplinar um filho.
Um exemplo deste equívoco é o que
acontecem em Tunbridge Wells em 1908-1909. Muitos achavam que as ações que a
assembleia havia tomado, primeiro de silenciar (1903), e mais tarde de excluir
da comunhão C. Strange (1908) tinham sido injustas. Acreditando que as decisões
de Tunbridge Wells tivessem sido injustas e sem fundamento bíblico, algumas
pessoas acharam que a assembleia teria perdido seu status de uma assembleia verdadeiramente congregada ao Nome do
Senhor. Como consequência, muitos não quiseram se submeter às decisões de sua
assembleia. W. R. Dronsfield propôs esta ideia errônea na página 33 de seu
livro “The Brethren Since 1870” (“Os Irmãos desde 1870”), dizendo que “se dois ou três estiverem verdadeiramente
congregados ao Nome do Senhor, qualquer decisão que vierem a tomar deve estar
adequada para os céus a reconhecerem como tal. Todavia o inverso é também
verdade, ou seja, que se aqueles congregados chegarem a uma decisão inválida e
injusta, não poderão estar congregados ao Nome do Senhor”. Esta ideia
equivocada levou a uma triste divisão entre os irmãos.
***
RESUMINDO:
Se acharmos que a assembleia cometeu um erro ao ligar uma decisão:
- Primeiro, precisamos ter certeza de termos entendido os princípios envolvidos. Pode ser que estejamos mal informados e ignoremos alguns princípios bíblicos. Se mesmo assim tiver sido uma decisão errada, devemos apresentá-la ao Senhor, a Cabeça da igreja, em oração.
- Segundo, devemos expressar nossas convicções -- baseadas nas Escrituras -- aos irmãos e esperar que eles sejam exercitados a respeito.
- Terceiro, devemos esperar no Senhor para que Ele possa intervir e fazer a correção. Podemos descansar na certeza de que Ele irá intervir, em Seu próprio tempo e da Sua própria maneira; a fé irá esperar nEle. Se for um erro sério pode ser que o Senhor venha a guiar outra assembleia para repudiar formalmente aquela assembleia que alega estar sobre terreno divino.
Enquanto isso, não devemos tomar o
assunto em nossas próprias mãos e começar a fazer campanha entre os santos para
boicotarem a decisão. É possível lutarmos pela causa correta, porém da maneira
errada, o que só gera confusão. É comum os que agem na carne em questões de
assembleia acabarem machucados -- mesmo que estejam lutando pelo que é certo! O
Senhor disse: “Embainha a tua espada;
porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mt 26:52).
Traduzido de "Questions Young People Ask Regarding the Ground of Gathering for Christians - Good Questions That Deserve Good Answers" Vol. I e II, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.